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Português
Catarata
"
“Paciente fez febre de 39ºC",
“Se o paciente fizer febre”,
"Ele fez cálculos"
"A paciente fez uma hemorragia",
"O lactente fez uma anemia",
ou formulações dirigidas ao paciente como:
“A senhora fez febre?”
"A criança está fazendo febre?"
"Você fez um tumor na bexiga"
"O senhor está fazendo uma úlcera"
"A senhora está fazendo uns cálculos nos rins".
Fazer febre é expressão existente na linguagem médica, é fato da língua, não é, por isso, incorreta. Mas, em em comunicações formais, recomenda-se usar a opção ter febre.
Modernamente, os lingüistas rejeitam as posições do certo e do errado, do correto e do incorreto. Todas as formas existentes constituem patrimônio da língua. Existem faixas ou modalidades de linguagem desde a chula (muito usada na hora do descontrole emocional) até o modelo mais disciplinado – o padrão culto normativo, nível mais adequado para a linguagem científica.
Desse modo, dizer que o paciente "faz febre" ou qualquer sinal ou sintoma é modo coloquial de expressão, de cunho popular, em que se usa o verbo fazer como espécie de curinga em lugar do verbo mais adequado, mais expressivo como ter, apresentar, estar com. Há outros casos similares:
fazer medicina (estudar, cursar),
fazer morte (causar, provocar, ocasionar),
fazer feridos (ter, ocasionar),
fazer a unha, (cortar, pintar, aparar as unhas)
fazer o cabelo (cortar, aparar os cabelos).
Dizer que o paciente teve febre ou apresentou febre ou qualquer outra manifestação de doença é a maneira recomendável para usar na linguagem formal em medicina, nas comunicações cerimoniosas ou protocolares, como em documentos (incluso o prontuário), aulas, palestras, discursos em congressos, relatos científicos para publicação.
Além disso, vale acrescentar que o paciente pode achar estranho a forma de expressão usada pelo seu médico, que sugere estar ele próprio fazendo algo contra si mesmo, a fazer em si próprio algo maléfico ou que causaria a própria morte. É complicado afirmar que o paciente fez o que simplesmente nasce, aparece, se desenvolve, muitas vezes sem culpa do doente.
Simônides Bacelar
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